CNBB cobra 'atitude' contra dengue no Rio
PEDRO DANTAS - Agencia Estado
RIO - O bispo de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, d. Felippo Santoro, leu hoje, no Ginásio do Maracanãzinho, na zona norte da capital fluminense, uma nota da Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre a dengue na cidade, com duras críticas à forma como as autoridades tem atuado no combate à doença. A manifestação, diante das autoridades, aconteceu no que era para ser um encontro do governo do Rio com o objetivo de divulgar as ações contra a epidemia. Após a leitura, d. Felippo foi aplaudido.Elaborada pelos bispos na 46ª Assembléia-Geral da CNBB, em Itaici, Indaiatuba, interior de São Paulo, o comunicado critica, "o espetáculo de recíprocas acusações dos vários poderes, municipal, estadual e federal, em lugar de assumirem a própria responsabilidade e comprometerem-se, diretamente, para a solução do problema tomando as devidas providências".Diante do secretário de Estado de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, e do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), d. Felippo foi interrompido pelas palmas ao ler as partes mais ácidas do texto, como o trecho em que apontou a negligência dos governantes diante dos "surtos da doença, cujos números, em ritmo ascendente, exigiam atitude firme e imediata, especialmente das autoridades competentes, para que se evitasse a epidemia." "Essa atitude, infelizmente, não foi assumida com a suficiente prontidão e eficiência." Irritado, ao fim da reunião, Côrtes não quis comentar as críticas da CNBB. "Só polemizo com o mosquito", respondeu.O documento recomenda aos eleitores que, "neste ano eleitoral, ao discernir e apresentar seu voto, tenha no coração e na mente a dor dos que procuram, inutilmente, o atendimento médico, a situação lamentável dos que moram no meio de insalubridade estrutural e, acima de tudo, as lágrimas dos que ficam marcados pela saudade daqueles que a dengue levou".AplausosAo ler este trecho, o ele foi novamente interrompido por aplausos. Apesar de reconhecer "os esforços empreendidos pelos diversos níveis do poder público", a nota da CNBB ressalta que a epidemia afeta mais os pobres porque eles estão "distantes das necessárias condições de moradia e saneamento" e são "incapazes de acessar os sistemas particulares de saúde" e pede a implementação de "efetivos e duradouros programas de saúde pública e prevenção, além de campanhas de educação para erradicar o transmissor".Após o encontro, ao ser questionado sobre o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), que anda não admite a epidemia, d. Felippo foi enfático. "O problema é dele. A coisa é evidente. A nossa atitude era dar o recado. Quem se sentiu provocado aprendeu a lição. A função dos bispos é representar a voz de Deus", disse. O bispo de Petrópolis informou que todas as paróquias e igrejas do Estado poderão ser usadas para instalação de unidades de atendimento. A Pastoral da Saúde também será mobilizada para tratar os doentes.Apesar das críticas de d. Felippo, hoje, Maia e o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) voltaram a trocar farpas. O prefeito do Rio alegou que será impossível o funcionamento por 24 horas dos postos de saúde municipais porque muitos estão em áreas de risco. Cabral respondeu que nunca recebeu pedido dele relacionado à segurança no entorno dos postos e lembrou que seis unidades de pronto atendimento estaduais ficam em áreas de risco, mas funcionam normalmente. O governador do Rio questionou se a dificuldade dos postos municipais não seria a falta de médicos e enfermeiros. O prazo dado pela Justiça Federal para que a prefeitura cumpra a liminar que determina a abertura de todos os postos do município por 24 horas termina segunda-feira.
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