Morre o empresário do Itaú Olavo Setubal
27/08 - 09:57 , atualizada às 11:42 27/08 - Redação com Agência Estado
- O empresário Olavo Egydio Setubal morreu de insuficiência cardíaca, aos 85 anos, às 8h15 da manhã desta quarta-feira, de acordo com informações do Hospital Sírio Libanês. Setubal era presidente do Conselho de Administração do Banco Itaú.
O velório será aberto e acontece ainda nesta quarta, às 16h, no Centro Empresarial Itaúsa, na zona Sul de São Paulo. O corpo deve ser cremado em cerimônia privativa para os familiares.
Olavo Setubal deixa a esposa, Daisy Setubal, e os filhos Paulo, Maria Alice, Olavo Jr., Roberto, José Luiz, Alfredo e Ricardo, noras e 19 netos.
O empresário era formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e foi prefeito de São Paulo entre 1975 e 1979. Era considerado um dos responsáveis pelo crescimento e expansão do banco Itaú, do qual era grande acionista e presidente do conselho. Em 1985, foi Ministro das Relações Exteriores.
Perfil
Futura Press
Setúbal era um dos maiores acionistas do Itaú
Com a premissa de que não se cresce sem assumir riscos, o banqueiro e empresário Olavo Egydio Setubal assumiu o comando do Itaú no final dos anos 50. Na diretoria-geral, liderou o crescimento do banco, antes com atuação restrita ao Estado de São Paulo e com apenas 31 pontos de atendimento.
Já nos anos 70, chegou ao posto de segunda maior instituição financeira do País e hoje conta com mais de 2,8 mil agências em todo o Brasil e presença no exterior.
Antes de virar banqueiro, o paulistano Setubal foi empresário. Nascido em 16 de abril de 1923, se formou em engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1945. Dois anos depois, fundou a Deca com o amigo e também engenheiro Renato Refinetti. O sucesso no empreendimento fez com que o seu tio, Alfredo Egydio de Souza Aranha, o convidasse para trabalhar na instituição financeira fundada por ele em 1945, o Banco Central de Crédito S.A.
Esse banco incorporou, em 1964, o Itaú, que antes pertencia a um grupo de empresários mineiros. Na ocasião, passou a ser conhecido como Banco Federal Itaú S.A. e Setubal ficou no cargo de diretor-geral. Outras instituições foram incorporadas durante a gestão do banqueiro, mas ele nunca conseguiu levar o grupo ao posto de maior banco privado do País.
Setubal considerava que o maior banco privado do Brasil era fruto do gênio de seu fundador, Amador Aguiar, e o Itaú, fruto de uma lógica racional. Para ele, o futuro dirá se os frutos dos gênios conseguem resistir a várias gerações, enquanto os frutos da lógica sempre sobreviverão.
Não foi só na expansão do Itaú que Setubal atuou. Também ajudou na administração da Duratex, que pertencia ao seu tio e na época enfrentava dificuldades financeiras. Hoje, a Deca faz parte do grupo Duratex, que pertence à holding Itaúsa.
Administração pública
Além de banqueiro e empresário, também foi político. Em 1975, sob indicação do governador Paulo Egidio Martins, assumiu a Prefeitura de São Paulo, posto que ocupou até 1979. Nesse período, se orgulha de ter investido no transporte público, que considerava um ponto fundamental de sua gestão. Inaugurou a segunda fase da linha norte-sul do metrô e iniciou as obras da leste-oeste. Além disso, passou o Metrô e a Comgás para as mãos do Estado e unificou vários departamentos de trânsito do município em uma única secretaria, a de Vias Públicas. Dizia que administrar a cidade era algo fantástico, mas que dava muito mais trabalho do que presidir um banco. E brincava que a remuneração era bem mais baixa.
Em 1979, retornou ao Itaú como diretor-presidente, cargo que ocupou até 1985, quando foi convidado para ser ministro das Relações Exteriores no governo José Sarney. A partir dessa data, se afastou definitivamente da direção do banco. Ao sair do governo federal, no ano seguinte, foi pré-candidato pelo PFL ao governo de São Paulo em 1986. Sem ser escolhido pelo partido, abandonou a carreira política. Assumiu a presidência do Conselho de Administração do Itaú naquele ano e também o comando da Itaúsa. Passou a presidir o conselho da holding em abril de 2001.
Rotina
Desde 1994, Roberto Egydio Setubal, o quarto de seus sete filhos, atuava como presidente-executivo do Itaú. Até ficar doente e ser internado, ia todos os dias no prédio-sede do banco, no bairro do Jabaquara, onde aconselhava seu filho e também almoçava constantemente com diretores do banco. A rotina só não era cumprida quando viaja ao exterior. Costumava passar dois meses por ano fora do país.
Sobre o Brasil, tinha a avaliação de que o País tinha nas últimas décadas melhorado em vários aspectos, menos na segurança pública, e que era importante avançar sempre de forma lenta, mas continuamente. Defensor da estabilidade monetária, temia e adoção de propostas "mágicas" com o intuito de resolver todos os problemas existentes. Na avaliação do banqueiro, era preciso buscar a melhor distribuição de recursos possíveis, sem ser idealista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário