Sabe a papinha de neném que muitos pais compram para complementar a alimentação dos filhos ou socorrer em um passeio ou festa? Segundo Luigi Mondello, químico e um dos 100 pesquisadores mais poderosos no mundo, pode ser um verdadeiro veneno para as crianças.
Em passagem pelo Brasil para um simpósio sobre óleos essenciais, o professor de Indústria Farmacêutica e Produtos Saudáveis da Universidade de Messina, na Itália, conversou com a reportagem do jornal O Globo e fez o alerta na sessão “Conte algo que não sei”: a papinha traz riscos para a saúde da criança.
“A papinha é um veneno para o neném. O vazamento de óleo típico do processo industrial na fabricação das papinhas cria um grau de contaminação que, nos primeiros meses de vida, é muito perigoso, considerando o peso e a altura do bebê”, alerta.
O especialista, que defende o consumo de alimentos naturais, explica que os riscos de ingerir papinhas são grandes. “Pode ter efeito cancerígeno ou provocar outras doenças graves. A melhor alternativa é preparar as papinhas em casa”.
O químico tem mais de 370 publicações sobre alimentação e acumula duas décadas de pesquisas sobre o assunto. “Comecei há 20 anos, por um motivo bastante simples: quanto menos se contamina os alimentos, mais o ser humano é capaz de viver. Foi aí que busquei entender sobre as etapas de contaminação”
Conservantes
Na avaliação do nutrólogo Marcos Dantas, o risco apresentado pelas substâncias envolvidas na produção das papinhas - sódio, gorduras e adoçantes - já é motivo para que médicos não aconselhem o consumo do produto.
“É preferível fazer a papinha em casa. Muitas marcas até deixam de colocar parte dos conservantes no rótulo. Só o excesso de sódio, por exemplo, traz riscos a longo prazo para a saúde”, explica.
O nutrólogo diz que o consumo eventual pode ser feito, em caso de emergência. Mas, a longo prazo e em grande quantidade, a saúde da criança fica prejudicada. “O exagero pode aumentar a pressão arterial, aumentar a chance de desenvolver obesidade e desregular as taxas de colesterol, por exemplo”.
Caseira
Para Andréa Branco da Fonseca Damásio, nutricionista da internação pediátrica do Hospital das Clínicas, as papinhas industrializadas são, em geral, de boa qualidade. Entretanto, são somente para emergências. “E podem apresentar contaminantes variados, além do custo mais elevado”, explica.
“A consistência é outro ponto importante. Elas devem ser raspadas ou amassadas, com progressão gradativa para pedacinhos maiores até chegar à consistência da comida da família, a partir do primeiro ano de vida. E essa graduação é limitada na papinha industrializada”.
A especialista lembra que os aditivos presentes nos alimentos industrializados podem trazer modificações nos hábitos alimentares e riscos de doenças. “Eles modificam o sabor original dos alimentos, o que dificulta o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis pela criança e podem propiciar o desenvolvimento de doenças metabólicas na vida adulta”.
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