Após virar celebridade, táxi elétrico está com o futuro ameaçado
03/11/2013 - 02h02
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FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
Cedidos há um ano e meio para divulgar a nova tecnologia, os dez táxis elétricos da capital paulista estão cumprindo muito bem o papel de garoto-propaganda: até viraram celebridades no trânsito.
Mas tendem a desaparecer "da praça" em breve, segundo Ricardo Auriemma, presidente da Adetax-SP (associação das empresas de táxis).
O projeto-piloto se encerrará em mais um ano e meio e os veículos precisarão ser devolvidos ao fabricante.
"Se, até lá, o governo federal não criar uma política que contemple e incentive os carros 'verdes' [que podem rodar sem poluir], dificilmente algum taxista conseguirá comprar um carro desses para trabalhar", diz Auriemma.
| Avener Prado/Folhapress | |
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Hoje, por não ter classificação específica, o carro elétrico entra no grupo dos automóveis mais potentes (com motor acima de 2,0 litros) e paga 25% de IPI sobre seu preço- cerca de três vezes mais que o dos 1.0 flex.
Assim, um Nissan Leaf como o usado pelos taxistas no Brasil custaria mais de R$ 200 mil. Nos EUA, o elétrico mais vendido do mundo sai pelo equivalente a R$ 50 mil.
Esse é um dos motivos pelos quais nenhuma montadora iniciou ainda a comercialização de elétricos no país, salvo algumas unidades entregues para empresas em caráter experimental.
Uma grande frota também exigiria uma rede de postos de recarga. A Eletropaulo instalou cinco deles pela cidade para atender os taxistas do programa, como Alberto de Jesus, 53.
"As baterias permitem autonomia de aproximadamente 120 km e sempre preciso parar uma ou duas vezes no dia para recarregá-las. Cada abastecimento demora 30 minutos", calcula o pioneiro, que costuma negar corridas longas.
"Interessante é que muitos pegam o táxi só para tirar fotos ou conhecer a tecnologia. Teve um que me pagou para rodar com ele o dia inteiro. Tive de mostrar o carro para todos os amigos do cliente."
CHOQUE
O Leaf não faz barulho e tem painel de nave espacial. Nele, os ocupantes conseguem acompanhar as interações eletrônicas entre o motor e as baterias. Toda vez que o pedal do freio é acionado, por exemplo, a autonomia aumenta -um sistema transforma o calor dissipado nessa situação em energia.
O taxista Jesus não gosta de pensar no dia em que precisará trocar o Leaf por um carro flex. Relatório dos taxistas apontam que o custo para rodar com energia elétrica é ao menos 50% menor.